segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Aquisições & Doações - Julho e Agosto 2019

O VERÃO TARDIO

"O Verão tardio" é uma história de inadequação. Depois de mais de vinte anos, Oséias, um homem abandonado por mulher e filho, decide regressar a sua cidade-natal, Cataguases, em Minas Gerais. Durante seis dias, seguimos passo a passo suas andanças, visitas a familiares, encontros com velhos personagens locais. A sombra do suicídio de uma de suas irmãs, Lígia, e a comunicação falha com praticamente todos a sua volta acompanham suas tentativas de reatar os fios do passado. Em meio a um Brasil que parece ir do projeto à ruína a todo momento, "O Verão tardio" propõe uma reflexão sobre uma sociedade em que as classes sociais romperam completamente o diálogo e, como afirma um de seus personagens, se tornaram "planetas errantes" prontos para entrarem em rota de colisão e se destruírem.

 


ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ

Numa manhã de votação que parecia como todas as outras, na capital de um país imaginário, os funcionários de uma das seções eleitorais se deparam com uma situação insólita, que mais tarde, durante as apurações, se confirmaria de maneira espantosa. Aquele não seria um pleito como tantos outros, com a tradicional divisão dos votos entre os partidos "da direita", "do centro" e "da esquerda"; o que se verifica é uma opção radical pelo voto em branco. Usando o símbolo máximo da democracia - o voto -, os eleitores parecem questionar profundamente o sistema de sucessão governamental em seu país. É desse "corte de energia cívica" que fala "Ensaio sobre a lucidez". Não apenas no título José Saramago se remete ao seu "Ensaio sobre a cegueira" (1995): também na trama ele retoma personagens e situações, revisitando algumas das questões éticas e políticas abordadas naquele romance. Ao narrar as providências de governo, polícia e imprensa para entender as razões da "epidemia branca" - ações estas que levam rapidamente a um devaneio autoritário -, o autor faz uma alegoria da fragilidade dos rituais democráticos, do sistema político e das instituições que nos governam. O que se propõe não é a substituição da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento. É pela via da ficção que José Saramago entrevê uma saída para esse impasse - pois é a potência simbólica da literatura (território em que reflexão, humor, arte e política se entrosam) que se revela capaz de vencer a mediocridade, a ignorância e o medo. 






MIL SÓIS: POEMAS ESCOLHIDOS

Uma seleção de poemas de Primo Levi no ano de seu centenário. Com uma poesia bissexta, escrita em períodos fervorosos de criatividade, a lírica de Primo Levi atravessou diversas fases. Em todas, temas como a sobrevivência em meio às catástrofes e a desumanização se unem a um registro delicado que parece buscar a claridade, a comunhão e o amor por todos os seres vivos. Nesta antologia, preparada por Maurício Santana Dias, o leitor brasileiro conhecerá a poesia de um escritor que transformou o compromisso moral em alta literatura, e a força da memória, num verdadeiro ofício.






 NOITE EM CARACAS

Violência, anarquia e desintegração ditam o ritmo em Caracas. Nesse cenário desolador, Adelaida Falcón tem a vida destroçada pela morte da mãe. Logo depois do enterro, ela se depara com sua casa ocupada por um grupo de mulheres. Ao procurar ajuda, tenta falar com a vizinha, Aurora Peralta, conhecida como "a filha da espanhola", mas a encontra morta. Em cima da mesa da sala, Adelaida vê documentos que podem mudar sua vida, dando início a uma jornada pela própria sobrevivência. "Noite em Caracas" retrata a saga de uma mulher que enfrenta situações extremas, enquanto precisa aceitar a ausência definitiva da mãe homônima, em um país que também desaparece aos poucos. Ela narra sua história entremeando lembranças de um passado não muito distante, de uma vida simples como filha de professora em um grande centro urbano, com um presente no qual resistir se torna um ato de amor e coragem. No entanto, a autora não fala apenas de um país e de um tempo, mas de todos que tenham sido tirados de sua terra, de seu lugar no mundo, que tenham perdido o direito de serem enterrados onde nasceram. 





HEADHUNTERS 


Roger Brown é o melhor "headhunter" da Noruega. As maiores empresas do país contam com seu faro na hora de escolher seus executivos. É casado com uma mulher deslumbrante e mora em uma mansão. Tem a vida perfeita, mas é cada vez mais difícil pagar por ela. E Roger só consegue isso roubando obras de arte e vendendo para o mercado negro. Mas há outro caçador nesse jogo, e os riscos que Roger corre podem colocá-lo em um terrível pesadelo.









O SILÊNCIO DOS LIVROS
   
TER LIVROS É CRIME. DENUNCIE. Numa época em que os livros são proibidos, o misterioso Santiago Pena acaba de chegar a Portugal, onde conhecerá Alice, menina desprezada pelos pais. O encontro de um antigo caderno trará questões intrigantes. Que relação haveria entre um jovem acusado de crime que alega não ter cometido, suntuosos projetos arquitetônicos e a descoberta de uma biblioteca abandonada? Romance para ser saboreado não só pelo enredo recheado de tensões e suspense, mas também pelos detalhes de construção, insere-se na melhor tradição da cultura ocidental, com sutis menções a livros, poemas e vinhos, a mitos clássicos e folclore, a obras de arte e teorias científicas, além de enveredar por grandes discussões da contemporaneidade, como privacidade, identidade, genética, direito ao esquecimento. Dialogando com clássicos da literatura universal, "O Silêncio dos livros" indaga qual seria o destino de uma sociedade que, fascinada pelos avanços tecnológicos, abolisse os livros. E lança um desafio aos que teimam em proclamar, sombriamente, a morte de um dos maiores símbolos da civilização. 









SEROTONINA

Florent-Claude Labrouste tem 46 anos, detesta seu nome e toma antidepressivos que liberam serotonina e causam três efeitos colaterais: náusea, falta de libido e impotência. A França está afundando, a União Europeia está afundando, a vida de Florent-Claude está afundando. O sexo é uma catástrofe. A cultura não é mais uma tábua de salvação ― nem mesmo Proust ou Thomas Mann são capazes de ajudá-lo. Nesse contexto, Florent-Claude descobre vídeos pornográficos assombrosos em que sua atual companheira aparece, e isso é a gota d’água para que ele deixe o trabalho e passe a viver em um hotel. Perambula pela cidade, visita bares, restaurantes e supermercados. Repassa suas relações amorosas, marcadas sempre pelo desastre, que transitam entre o cômico e o patético. Ao se reencontrar com um velho amigo aristocrata, que parecia ter uma vida perfeita, mas que foi abandonado pela esposa e se vê falido, o protagonista se envolve em uma manifestação de agricultores com resultados trágicos. Nessa espiral de problemas, ora patéticos, ora cômicos, Florente-Claude se torna hábil analista da contemporaneidade, de seus anseios e problemas. Sua vida, um reflexo do desinteresse pelo mundo, será o espelho das mais cruéis agruras. Ao narrar seu périplo por uma França decadente e esquecida, Houellebecq compõe um retrato sobre a falência dos ideias humanistas e do bem-estar social, em um romance ousado , magistral.







A MERCADORIA MAIS PRECIOSA: UMA FÁBULA

Dois personagens, um lenhador pobre e sua mulher, sobrevivem com muito pouco no meio de uma floresta ao lado de uma ferrovia. Diariamente observam os comboios atulhados de gente passarem diante de seus olhos. Ingênua, a mulher sempre espera por um aceno ou mesmo um presente. Para onde vão essas pessoas?, ela se pergunta sem fazer ideia do que de fato está acontecendo. Tudo o que ela mais deseja, dia após dia, é ter um filho. Mas nunca consegue. Até que alguém joga o presente que ela jamais pensou receber: um bebê. Uma menininha, gêmea de outro menininho que continua no colo de sua mãe dentro do trem. Famintos e transtornados pelas angústias e privações materiais da Grande Guerra, seus pais foram obrigados a fazer uma escolha inapelável e radical. Neste breve relato, o autor, à maneira das fábulas, fala de um dos capítulos mais tenebrosos da história da humanidade: a deportação de milhões de judeus para os campos de concentração nazistas




 
ESCRITOS DE UMA VIDA

Esta coletânea fala de um Brasil que persiste e se reinventa na luta contra o racismo. É a trajetória de uma mulher de luta, uma intelectual inquieta e generosa. O pensamento feminista negro potente de Sueli Carneiro é fundamental e atual para o debate racial e de gênero e construção de um modelo alternativo de sociedade.










A ESPÉCIE QUE SABE

Este livro descreve uma jornada em direção ao pensamento filosófico por meio de uma linha, provisória e pontilhada, que parte do surgimento do Homo sapiens até os dias atuais. Especialmente em função dos impasses que vivemos, o eixo desta busca é o ser humano, o seu modo de ordenação, o modo como foi cunhado como ser racional. Afinal, o que somos? O que nos tornamos? São perguntas essenciais no mundo contemporâneo. Por que chegamos até aqui? E de que modo podemos sair deste impasse? Falamos da era da pós-verdade, mas não sabemos o que é e o que significa esta transformação. Neste livro, a criação da razão e da verdade, esta que hoje desaba, é tema central. Guiada por Nietzsche, Viviane Mosé discute não apenas o nascimento da razão ocidental, mas a queda deste modelo de ordenação do pensamento. Mais do que isso, esta análise busca nos preparar para estes novos tempos onde tudo se torna perspectiva. Este é um livro útil para todo aquele que busca iniciar uma trajetória em direção às grandes questões que moveram a humanidade até aqui. 







A RIDÍCULA IDEIA DE NUNCA MAIS TE VER

Um livro sobre o luto e suas consequências, que navega com maestria entre a ficção e a memória. Quando Rosa Montero leu o impressionante diário (incluído como apêndice neste livro) que Marie Curie escreveu após a morte de seu marido, ela sentiu que a história dessa mulher fascinante guardava uma triste sintonia com a sua própria: Pablo Lizcano, seu companheiro durante 21 anos, morrera havia pouco depois de enfrentar um câncer. As consequências dessa perda geraram este livro vertiginoso e tocante a respeito da morte, mas sobretudo dos laços que nos unem ao extremo da vida.








RUPTURA: A CRISE DA DEMOCRACIA LIBERAL


"Sopram ventos malignos no planeta azul", sentencia o sociólogo Manuel Castells, enquanto o mundo é assolado por um turbilhão de múltiplas crises. A crise econômica que se prolonga em precariedade de trabalho e desigualdade social; o terrorismo fanático que impossibilita a convivência humana e alimenta o medo; a permanente ameaça de guerras atrozes como forma de lidar com conflitos; as inúmeras violações dos direitos humanos e à vida. Existe, porém, uma crise ainda mais profunda, mãe de todas as outras: a ruptura da relação entre governantes e governados, a desconfiança nas instituições e a não legitimidade da representação política. Trata-se do colapso gradual de um modelo político de representação: a democracia liberal. Neste livro urgente, fruto de ampla pesquisa, Castells analisa as causas e consequências desse rompimento, à luz dos mais recentes acontecimentos políticos mundiais: a vitória de Trump nos Estados Unidos; o resultado do Brexit no Reino Unido; a desconfiguração partidária na França; e a ideia de "democracia real", em oposição à democracia liberal moribunda, nascida dos movimentos sociais originários das redes sociais na Espanha, que levou ao fim do bipartidarismo no país. Mas aonde nos levará essa ruptura? Qual a nova ordem que substituirá a que morre? Se o futuro é ainda incerto, Castells nos faz refletir e enxergar com clareza o panorama atual, em uma publicação mais que oportuna para o momento de incerteza em que vivemos.






 
COMO AS DEMOCRACIAS MORREM 

Democracias tradicionais entram em colapso? Essa é a questão que os autores, dois conceituados professores de Harvard, respondem aqui ao discutir o modo como a candidatura e a eleição de Donald Trump se tornaram possíveis. Para isso, confrontam a situação de Trump com rupturas democráticas emblemáticas: da manipulação do sistema eleitoral no sul dos EUA no século XIX aos casos contemporâneos de Hungria, Turquia e Venezuela, passando pela Europa dos anos 1930 e as formas distintas de ditadura de Pinochet, no Chile, e Fujimori, no Peru.








MINDFUL EATING: COMER COM ATENÇÃO PLENA

Na era da conexão digital; nunca estivemos tão desconectados com a comida; o corpo e a saúde. Em busca de soluções rápidas; as pessoas dividem os alimentos entre bons e ruins; partem para dietas restritivas; importam fórmulas que deram certo para os outros. Resultado: comem mal; sem prazer; frustram-se e sentem-se culpadas. O mindful eating – comer com atenção plena – traz um olhar sensível e diferente para o contexto da alimentação. Respeitando as escolhas e as vontades de cada um; propõe uma jornada de autoconhecimento e revisão dos hábitos à mesa com o objetivo de dar novos significados e propósitos à relação com a comida. Ancorado em preceitos como atenção no presente; equilíbrio e não julgamento; o mindful eating mudará o jeito como você come; se cuida; faz compras; cozinha e convive com a família.

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