
PRÓLOGO, ATO, EPÍLOGO: MEMÓRIAS
Em "prólogo, ato, epílogo", Fernanda Montenegro narra suas
memórias numa prosa afetiva, cheia de inteligência e sensibilidade. Com
sua voz inconfundível, ela coloca no papel a saga de seus antepassados
lavradores portugueses, do lado paterno, e pastores sardos, do lado
materno. Lidas hoje, são histórias que podem parecer um folhetim. Ou uma
tragédia ― gêneros que a atriz domina com maestria. Na turma de jovens
que circulavam pela rádio estava Fernando Torres, que ela reencontrou
nos ensaios da peça Alegres canções na montanha, quando começaram a
namorar. Fernando largou a Panair, Fernanda largou a Berlitz, e o casal
se entregou de corpo e alma à arte, paixão de uma vida. Constituíram uma
família e realizaram juntos um sem-número de peças, ao lado dos
principais nomes do teatro brasileiro. Em páginas de grande emoção, ela
relembra os desafios de criar os filhos sobrevivendo como artistas; a
busca permanente pela qualidade; a persistência combativa durante os
anos de chumbo; a capacidade de constante reinvenção; o padecimento de
Fernando; o inesperado sucesso internacional nos anos 1990; a crença na
terra que acolheu seus antepassados imigrantes e a devoção por esse
país. Fernanda encarna o melhor do Brasil. Não surpreende que alguém que
passou a vida memorizando textos tenha desenvolvido notável capacidade
de rememorar com sutileza fatos ocorridos décadas atrás. A atriz que há
anos encanta multidões em palcos e telas pelo mundo agora se mostra uma
contadora de histórias de mão-cheia.

Em "Carolina : uma biografia", o jornalista Tom Farias
apresenta a complexa trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus.
Da infância pobre, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais, passando
pelas cidades em que peregrinou na juventude em busca de trabalho e de
diagnóstico e cura para uma doença nas pernas, até sua chegada a São
Paulo onde se instalou na favela do Canindé. A biografia detalha não
somente sua relação com os filhos e o momento de ascensão, devido ao
sucesso editorial do livro "Quarto de despejo", mas também, o declínio
em razão do desinteresse do mercado editorial e dos leitores em relação
às suas publicações posteriores, o que, acrescido da sua personalidade
forte e das barreiras sociais e discriminatórias brasileiras, levou a
escritora retornar à mesma condição de pobreza em que viveu boa parte da
sua vida.

Neste livro, resultado de seis anos de pesquisas e
observações, que incluíram viagens por doze países e três continentes,
este primeiro volume cobre um período de 250 anos, do primeiro leilão de
cativos africanos registrado em Portugal, na manhã de 8 de agosto de
1444, até a morte de Zumbi dos Palmares. Entre outros aspectos, a obra
explica as raízes da escravidão humana na Antiguidade e na própria
África antes da chegada dos portugueses, o início do tráfico de cativos
para as Américas e suas razões, os números, os bastidores e os lucros do
negócio negreiro, além da trajetória de alguns de seus personagens mais
importantes, como o Infante Dom Henrique, patrono das grandes
navegações e descobrimentos do século XV e também um dos primeiros
grandes traficantes de escravos no Atlântico. Esta é uma história de dor
e sofrimento cujos traços ainda são visíveis atualmente em muitos dos
locais visitados pelo autor, como Luanda, em Angola; Ajudá, no Benim;
Cidade Velha, em Cabo Verde; Liverpool, na Inglaterra; e o cais do
Valongo, no Rio de Janeiro.

Os efeitos colaterais do discurso motivacional, está
crescendo desde o início do século XXI e não mostra sinais de
desaquecimento. Religiões tradicionais estão perdendo adeptos para novas igrejas que trocam o discurso do pecado pelo encorajamento e autoajuda.
As instituições políticas e empresariais mudaram o sistema de punição,
hierarquia e combate ao concorrente pelas positividades do estímulo,
eficiência e reconhecimento social pela superação das próprias
limitações. Byung-Chul Han mostra que a sociedade disciplinar e
repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para
uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. As
pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados - tornando
elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época onde
poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade
opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber
menos. Essa onda do 'eu consigo' e do 'yes, we can' tem gerado um
aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de
personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout. Este livro
transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e
gestores a entender os novos problemas do século XXI.
SOCIEDADE DA TRANSPARÊNCIA
Nos dias atuais não há mote que domine mais o discurso
público do que o tema da transparência. Ele é evocado enfaticamente e
conjugado sobretudo com o tema da liberdade de informação. A sociedade
da transparência é uma sociedade da desconfiança (Misstrauen) e da
suspeita (Verdacht), que se baseia no controle em virtude do
desaparecimento da confiança. A forte e intensa exigência por
transparência aponta justamente para o fato de que o fundamento moral da
sociedade se tornou frágil, que valores morais como sinceridade ou
honestidade estão perdendo cada vez mais significado.
O Brasil foi alvo de uma Guerra Híbrida cujo ponto de
inflexão remonta às celebres jornadas de junho, de 2013, culminando com a
presidência de Bolsonaro. Guerra Híbrida é a intervenção indireta em
países-alvo movida pelo império anglo-americano. Isto é, a deposição de
governos hostis aos interesses das potências ocidentais, a perseguição e
o confinamento de lideranças populares, a captura de fontes naturais e
energéticas, a destruição de empresas nacionais e a instauração de
governos antinacionais. Para a Guerra Híbrida as empresas de comunicação
e as redes sociais são estratégicas. O caos presente no Brasil desde o
impeachment da presidente Dilma e da prisão do ex-presidente Lula foi
intencional. Há um método na loucura e Bolsonaro presidente não tem nada
a ver com o acaso, foi operação de guerra com os mais sofisticados
mecanismos de manipulação de corações e mentes.
Obs.: Doação do autor
Obs.: Doação do autor
Andrew Solomon ― um dos pensadores mais originais de
nossa época ― reúne neste livro escritos sobre lugares que passaram por
abalos sísmicos culturais, políticos ou espirituais. Passando por
lugares tão diversos quanto África do Sul, Brasil, China, Romênia, Ilhas
Salomão, Equador, Taiwan, Mongólia, Antártica e Líbia ― foram sete
continentes e 83 países ―, esta coletânea traz uma janela única sobre a
própria ideia de transformação social, vista sobretudo pelos olhos das
pessoas comuns. Figuras como ex-prisioneiros políticos, vítimas de
estupro, garçonetes trans, xamãs e outros excluídos da sociedade são boa
parte das fontes do autor. Com seu brilhantismo e compaixão
característicos, Solomon demonstra tanto como a história é alterada por
indivíduos quanto como as identidades pessoais são alteradas quando
governos mudam.
Os brasileiros gostam de se crer diversos do que são. "Tolerantes" e
"pacíficos" estão entre os adjetivos que costumam habitar a mitologia
nacional. A autora reconstitui a construção dessa narrativa oficial que
acabou por obscurecer uma realidade bem menos suave, marcada pela
herança perversa da escravidão. Ao investigar esses subterrâneos da
nossa história, a autora ajuda a entender por que fomos e continuamos a
ser uma nação muito mais excludente que inclusiva, com um longo caminho
pela frente na elaboração de uma agenda justa e igualitária.
A história do Festival de Woodstock começa com Michael Lang, um garoto
de Bensonhurst, Brooklyn, que gostava de fumar um baseado e ouvir jazz.
Ele pegaria o caminho para a Flórida, abriria um "head shop" e
produziria seu primeiro festival - o Miami Pop, com Jimi Hendrix e Frank
Zappa, entre outros - e então viajaria para Woodstock, onde, depois de
conhecer Artie Kornfeld, sua visão de um festival em que o povo pudesse
chegar e ficar por alguns dias em meio à beleza da zona rural do estado
de Nova Iorque se tornaria realidade. Com Arie, seus novos sócios John
Roberts e Joel Rosenman e uma equipe escolhida a dedo, Lang contratou
artistas talentosos, de Janis Joplin ao The Who, passando pelos então
desconhecidos Santana e Crosby, Stills, Nash & Young; persuadiu
agentes, promotores e populações locais; recebeu frotas de voluntários;
construiu um festival da estaca zero; e, no final, criou o evento
cultural histórico que definiu uma geração.

O DEMÔNIO DO MEIO-DIA: UMA ANATOMIA DA DEPRESSÃO
"O Demônio do meio-dia" continua sendo uma referência
sobre a depressão, para leigos e especialistas. Com rara humanidade,
sabedoria e erudição, o premiado autor Andrew Solomon convida o leitor a
uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos temas mais
espinhosos e complexos de nossos dias. Entremeando o relato de sua
própria batalha contra a doença com o depoimento de vítimas da depressão
e a opinião de especialistas, Solomon desconstrói mitos, explora
questões éticas e morais, descreve as medicações disponíveis, a eficácia
de tratamentos alternativos e o impacto que a depressão tem nas várias
populações demográficas (sejam crianças, homossexuais ou os habitantes
da Groenlândia)

"As Direitas nas redes e nas ruas: a crise política no Brasil" traz um conjunto de textos que, tendo como pano de fundo o impeachment de Dilma Rousseff, procura analisar de que maneira esse processo político foi ganhando força entre setores da população por meio das redes sociais e também nas ruas. Um aspecto interessante das análises presentes neste livro é a maneira difusa pela qual estas forças conseguiram fazer com que a bandeira da anticorrupção na política se transformasse em uma bandeira na aparência antipetista, mas cujo pano de fundo era o ataque aos direitos conquistados no período da redemocratização.

AS DIREITAS NAS REDES E NAS RUAS: A CRISE POLÍTICA NO BRASIL
"As Direitas nas redes e nas ruas: a crise política no Brasil" traz um conjunto de textos que, tendo como pano de fundo o impeachment de Dilma Rousseff, procura analisar de que maneira esse processo político foi ganhando força entre setores da população por meio das redes sociais e também nas ruas. Um aspecto interessante das análises presentes neste livro é a maneira difusa pela qual estas forças conseguiram fazer com que a bandeira da anticorrupção na política se transformasse em uma bandeira na aparência antipetista, mas cujo pano de fundo era o ataque aos direitos conquistados no período da redemocratização.

GUERRAS HÍBRIDAS: DAS REVOLUÇÕES COLORIDAS AOS GOLPES
Neste livro, Andrew Korybko constrói um novo conceito para explicar as novas táticas dos Estados Unidos para derrubar governos. A Guerra Híbrida é a combinação de revoluções coloridas e guerras não convencionais para substituir governos. Partindo do estudo de caso da Síria e da Ucrânia, o autor constrói um novo conceito, cujo modo de operação pode ser facilmente identificado em outros conflitos no Oriente Médio e na América Latina. A Guerra Híbrida é o modelo de intervenção para o século XXI.

O COLAPSO DA DEMOCRACIA NO BRASIL
Se a Constituição de 1988 fracassou em sua ambição de consolidar a democracia e o bem-estar social para a maioria dos brasileiros, o Golpe contra Dilma Rousseff coloca um ponto final na fantasia de que seria possível combater a desigualdade social sem confrontar privilégios. Nosso regime político revelou, mais uma vez, que existe uma trava no sistema no momento em que determinados grupos de interesse se veem descontentes, não hesitam em mudar as regras do jogo. Neste livro, Luis Felipe Miguel analisa como em tão curto prazo ruíram as conquistas democráticas pós-ditadura e discute possíveis caminhos para a urgente reorganização da resistência popular.
OS DESAFIOS DA ESQUERDA LATINO-AMERICANA
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